terça-feira, 5 de abril de 2011

O alienista - Caleb Carr, 1994.

Esse livro estava lá, na estante do meu namorado, que o tinha comprado num sebo, mas que nunca chegara a lê-lo. Gostei da capa - a achei sombria -, gostei do resumo no verso e me chamou a atenção o fato do escritor, Caleb Carr, ser um historiador. 511 páginas... humm, é um bocado. Me aventurei então na leitura de suas páginas, e que bom que o fiz. É um livro incrível. O cenário: a caótica Nova Iorque dos fins do século XIX. A história: um grupo clandestino de investigadores decide se empenhar numa força tarefa para desvendar crimes que acreditam ter ligação entre si, ou seja, que são cometidos por um mesmo assassino. No mesmo ritmo em que se intensifica a caçada a este assassino, o livro  também apresenta o desenvolvimento das ciências criminais e, principalmente, da psicologia como ciência análitica de personalidade criminosa. Numa época em que o método de reconhecimento pelas impressões digitais era apenas uma teoria vista com muita desconfiança, e que a própria psicologia não tinha muito crédito nos meios policiais, os meios convencionais não dão conta de capturar um criminoso deste tipo. Na medida em que os investigadores avançam na construção da história e da personalidade do assassino, também chegam cada vez mais perto de encontrá-lo e do perigo que isto significa. Assassinatos repulsivos e ritualísticos, somados a uma investigação vertiginosa resultam num thriller misterioso e aterrotizante, mostrando, mais uma vez, que numa sociedade doente, o homem é o pior inimigo do homem.

CARR, Caleb. O Alienista. Trad. Pinheiro de Lemos. Rio de Janeiro: Record, 1995. 511p.


NOTA:
Antes do século XX, as pessoas que sofriam de doenças mentais eram consideradas “alienadas”, não apenas do resto da sociedade, mas também de suas próprias naturezas. Os especialistas eram, por isso, conhecidos como alienistas.

Enquanto parte do que percebemos do objeto à nossa frente vem através dos sentidos, outra parte (talvez a maior) vem sempre de nossa própria mente. William James, Os princípios da Psicologia.

- Claro que todos vão querer que ele seja louco. Os médicos aqui, os jornais, os juízes. Preferem pensar que só um louco daria um tiro na cabeça de uma menina de cinco anos. Cria certas... dificuldades sermos forçados a aceitar que nossa sociedade pode produzir homens sãos que cometem atos assim. p. 41





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