segunda-feira, 17 de julho de 2017

Feminismo no Brasil

"Diferente do que ocorre em outros países, existe entre nós uma forte resistência em torno da palavra “feminismo”. Se lembrarmos que feminismo foi um movimento legítimo que atravessou várias décadas, e que transformou as relações
entre homens e mulheres, torna-se (quase) inexplicável o porquê de sua desconsideração pelos formadores de opinião pública. Pode-se dizer que a vitória do movimento feminista é inquestionável quando se constata que suas bandeiras
mais radicais tornaram-se parte integrante da sociedade, como, por exemplo, mulher frequentar universidade, escolher profissão, receber salários iguais, candidatar-se ao que quiser.... Tudo isso, que já foi um absurdo sonho utópico, faz parte de nosso dia a dia e ninguém nem imagina mais um mundo diferente.
Mas se esta foi a vitória do movimento feminista, sua grande derrota, a meu ver, foi ter permitido que um forte preconceito isolasse a palavra, e não ter conseguido se impor como motivo de orgulho para a maioria das mulheres. A reação desencadeada pelo antifeminismo foi tão forte e competente, que não só promoveu um desgaste semântico da palavra, como transformou a imagem da feminista em sinônimo de mulher mal amada, machona, feia e, a gota d’água, o oposto de “feminina”. Provavelmente, por receio de serem rejeitadas ou de ficarem “mal vistas”, muitas de nossas escritoras, intelectuais, e a brasileira de modo geral, passaram enfaticamente a recusar tal título. Também é uma derrota do feminismo permitir que as novas gerações desconheçam a história das conquistas
femininas, os nomes das pioneiras, a luta das mulheres de antigamente que, de peito aberto, denunciaram a discriminação, por acreditarem que, apesar de tudo, era possível um relacionamento justo entre os sexos. (...)
Penso que o “feminismo” poderia ser compreendido em um sentido amplo, como todo gesto ou ação que resulte em protesto contra a opressão e a discriminação da mulher, ou que exija a ampliação de seus direitos civis e políticos, seja por iniciativa individual, seja de grupo. Somente então será possível
valorizar os momentos iniciais desta luta – contra os preconceitos mais primários e arraigados – e considerar aquelas mulheres, que se expuseram à incompreensão
e à crítica, nossas primeiras e legítimas feministas." (Constância Lima Duarte, Feminismo e literatura no Brasil, 2003) Texto integral disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ea/v17n49/18402.pdf




terça-feira, 16 de maio de 2017

Mais um pouco sobre ser mãe.

A mãe chega em casa e, antes de tudo, dá uns bons grudes e agarrões no seu pequeno, que é pra recarregar as energias. Depois oferece água, e então dá um "gute". Dá mais uns grudes, e oferece mais água, tira o copinho de água da mão do pequeno porque ele começa a atirar água pelo chão e na televisão, não está com sede não. A mãe então prepara o banho, e prepara a roupa calculando se vai esfriar durante a madrugada, porque o pequeno não dorme tapado, nem pensar! É temperamental. Dá o banho, seca, passa creminho, veste, passa colônia, penteia o cabelinho, tudo isso fazendo muitas palhaçadas pra segurar a atenção do mocinho, assim ele não sai correndo nu pela casa antes que ela termine todo o processo. 
Depois, arruma a janta. Dá remedinho, dá a janta. Tira o pequeno da cadeirinha e o libera pra olhar seu desenho. Só então é que a mãe vai se lembrar que ela existe, que ela tem fome e que está morrendo de sede. 

Muita gente que não tem filhos se assusta com a rotina de ter um filho. Tudo isso soa como sacrifício, como uma espécie de heroísmo materno. Mas o que muitos não sabem é que não é sacrifício nenhum. É prazer, é felicidade, é alegria, é satisfação, é amor. 

Não quero dizer com isso que a maternidade é um mar de rosas, e que todas as mulheres deveriam ser mães. Não estou pleiteando a maternidade, mas narrando minha experiência como mãe. É cansativo? Sim, muito! Às vezes ficamos estressadas, desanimadas? Sim. Mas e o que mais na vida não nos cansa vez por outra? O que na vida não nos estressa ou desamina de vez em quando? A maternidade não é nenhum mérito supremo, nenhuma habilidade perfeita que nos exija sabedoria plena sobre o que estamos fazendo. Ser mãe é algo incrível, e antes de tudo é algo que nos dá tanta felicidade, nos fornece tamanha energia. E nada disso é porque somos mães, mas é porque temos filhos. Parece confuso, mas as mães vão entender exatamente o que quero dizer. Assistimos ao crescimento desses pequenos e frágeis seres, ao seu desenvolvimento enquanto seres humanos. Provocamos sorrisos fantasticamente sinceros, e recebemos um amor totalmente altruísta.

Escrito em 07.12.2015