terça-feira, 20 de outubro de 2015

O Guardião - Dean Koontz (Lightning, 1988)


Eu me surpreendi muito com este livro, e positivamente. Não fazia ideia de que fosse uma história sobre viagem no tempo, e isso acabou instigando muito minha curiosidade, prendeu muito minha atenção. Sempre desvendando um pouco mais a trama, de pouquinho em pouquinho, fazendo com que o leitor avente hipóteses o tempo inteiro.

Além de uma história de ficção científica, é também um drama. A primeira parte do livro conta a infância de Laura Shane, e é muito emocionante, não no sentido mais clichê da palavra, mas no sentido de soco do estômago mesmo. No sentido de te fazer pensar em situações reais, extremamente tristes e chocantes que acontecem por aí. Koontz revela uma narrativa muito sensível. 
Outro aspecto marcante do livro, são os traços de humor que possui, um humor muito perspicaz, que me fez rir realmente em muitas passagens. 

Destaque para a personagem Thelma Ackerson, melhor amiga de Laura, sua companheira de orfanato na infância e adolescência, que se torna uma bem sucedida comediante. Minha impressão é de que Thelma é uma personagem muito mais interessante do que a própria Laura Shane, com seu humor ácido e natural. 
Eu achei a primeira parte do livro o ponto alto da história. Apesar de toda a ação se desenvolver na segunda parte, é na primeira parte que a trágica trajetória de Laura Shane é narrada, e o espectro de sua personagem construído. 

Outra coisa muito bacana é o posfácio escrito por Koontz em 2003, onde ele desabafa e denuncia os problemas do mercado editorial de livros. Nesse texto, Koontz explica como funciona, quais as regras, e como os escritores sofrem com isso, muitas vezes tendo que modificar suas obras em nome de condições ridículas e sem sentido impostas por toda a cadeia do processo de publicação. 

"Muitos editores se mostram ainda mais satisfeitos com um escritor bem-sucedido quando ele, ou ela, escreve sempre o mesmo livro. [...] A maioria dos editores, embora não sejam todos, acredita que um autor bem-sucedido deve se manter fiel ao mesmo gênero literário, concebendo personagens, tramas e temas que são familiares aos leitores e adotando uma narrativa que reflete essencialmente o mesmo tom, livro após livro. O desejo pela reprodução do mesmo estilo é suscitado pela necessidade do editor desenvolver e manter o mesmo nicho de mercado para o autor, "rotulando-o", assim como a sopa Campbell ou o chocolate Nestlé. No entanto, a verdade é que esse desejo também é estimulado pela convicção da maioria dos editores de que o público é composto por um rebanho de carneiros e cada um pode, e deve, ser conduzido para o mesmo pasto em que esteve anteriormente. [...]
Com exceção dos último anos, a minha relação com os editores tem sido bastante conflituosa ao longo da minha carreira, pois eu acho extremamente monótono produzir o mesmo livro continuamente. Além do mais, os meus romances, em geral, não se enquadram inteiramente em um único gênero literário. Eu escrevo livro intergêneros, suspense misturado com romance e humor, às vezes, insiro algumas colheradas de ficção científica ou terror, e às vezes, um leve toque de páprica...".


É isso pessoal. Esse livro, como praticamente todos do Koontz, não tem disponível em e-book na rede. Mas se quiserem comprar, tem a partir de R$ 8,99 no Estante Virtual, só clicar aqui.


Abraço carinhoso aos leitores do blog. Até!