terça-feira, 2 de março de 2010

A profecia celestina - James Redfield, 1993



Uma grande aventura atráves das terras peruanas. O livro realmente é muito bom, muito bem escrito, apesar de às vezes ser um pouco repetitivo, o que com certeza ajuda a compreender melhor a mensagem e a fazer as devidas conexões entre as concepções que vão sendo desveladas ao longo do livro. O autor envolve toda  uma teoria filosófica sobre a existência humana em uma teia de acontecimentos  contínuos e imprevistos. Vale a leitura. Ao lado foto do auto James Redfield. Mais abaixo segue a ficha de leitura do livro.




História não é só a evolução tecnológica; é a evolução do pensamento. Compreendendo a realidade das pessoas que nos precederam, podemos ver por que vemos o mundo como vemos, e qual é a nossa contribuição para que ele continue. Podemos precisar onde entramos nós, por assim dizer, no desenvolvimento mais amplo da civilização, e isso nos dá um senso de aonde estamos indo. P. 23

Pequena retrospectiva histórica da transição da Idade Média para a Idade Moderna:

- Tudo bem – ele respondeu. – Se imagine vivendo no ano 1000, no que chamamos de Idade Média. A primeira coisa que tem de entender é que a realidade dessa época está sendo definida pelos poderosos eclesiásticos da igreja cristã. Devido á sua posição, esses homens exercem grande influência sobre a mente da população. E o mundo que esses eclesiásticos descrevem como real é, acima de tudo, espiritual. Estão criando uma realidade que põe a idéia que eles fazem do plano de Deus para a humanidade no centro mesmo da vida.
“Visualize isso”, ele prosseguiu. “Você se descobre na classe de seu pai – essencialmente camponês ou aristocrata – e sabe que vai ficar sempre confinado nessa classe. Mas independentemente da classe a que pertença, ou do trabalho determinado que faça, logo compreende que a posição social é secundária em relação à realidade espiritual da vida como definida pelos clérigos.
“Descobre que a vida é passar numa prova espiritual. Os eclesiásticos explicam que Deus pôs a humanidade no centro de seu universo, cercado por todo o cosmos, para uma finalidade solitária: conquistar ou perder a salvação. E nesse julgamento você tem de escolher corretamente entre duas forças opostas: a força de Deus e as tentações ocultas do diabo.”
“Mas entenda que você não enfrenta essa disputa sozinho. Na verdade, como simples indivíduo, não está qualificado para determinar seu status a esse respeito. Esse é o domínio dos eclesiásticos; eles estão lá para interpretar as escrituras sagradas e revelar a você, a cada passo, se você está em harmonia com Deus ou ludibriado por Satanás. Se você seguir as instruções deles, terá assegurada uma vida após a morte recompensadora. Mas se não seguir o curso que eles prescrevem, aí, bem... há s excomunhão e a certeza da condenação.”
“(...) todo o aspecto do mundo medieval é definido em termos de um outro mundo. Todos os fenômenos da vida, desde o risco de um temporal ou terremoto até os sucessos da colheita ou a morte de um ser amado, são definidos como vontade de Deus ou malícia do diabo. Não há nenhuma idéia de clima, nem forças geológicas, nem horticultura ou doença. Tudo isso é secundário. Por ora, você crê inteiramente nos homens da igreja; o mundo que tem como certo funciona apenas por meios espirituais.”
A visão medieval do mundo, a sua visão do mundo, começa a ruir nos séculos 14 e 15. A princípio, você nota algumas impropriedades dos próprios eclesiásticos: violando em segredo os votos de castidade, por exemplo, ou aceitando espórtulas para ignorar quando as autoridades governamentais violam as leis das escrituras.
Essas impropriedades o perturbam, pois esses clérigos afirmam que são a única ligação entre você e Deus. Lembre-se de que eles são os únicos intérpretes das escrituras, os púnicos árbitros de sua salvação.
De repente, você está no meio de uma franca revolta. Um grupo liderado por Martinho Lutero convoca a um completo rompimento com o cristianismo papal. Dizem que os eclesiásticos são corruptos, e exigem o fim do reinado deles sobre a mente do povo. Formam-se novas igrejas, com base na idéia de que cada pessoa deve poder ter acesso individual às escrituras e interpretá-las como quiser, sem intermediários.
Sob seus olhos incrédulos, a revolta triunfa. Os padres começam a perder. Durante séculos, esses homens definiram a realidade, e agora, diante de você, perdem credibilidade. Portanto, todo mundo é posto em questão. O nítido consenso sobre a natureza do universo e o propósito da humanidade aqui, baseado como era na descrição dos eclesiásticos, entra em colapso – deixando você e todos os outros seres humanos na cultura ocidental numa situação bastante precária.
Afinal, você se acostumou a ter uma autoridade em sua vida para definir a realidade, e sem essa orientação externa se sente confuso e perdido. Se a descrição da realidade e da razão da existência humana pelos eclesiásticos está errada, você se pergunta: então, qual é a certa?
(...) foi um abalo terrível. A visão do mundo antigo era contestada em toda parte. Na verdade, no ano 1600 os astrônomos já haviam provado além de qualquer dúvida que o sol e as estrelas não giravam em torno da Terra, como defendia a Igreja. Claramente a Terra era apenas um pequeno planeta em órbita de um Sol menor, numa galáxia que continha bilhões desses astros.
- Isso é importante. A humanidade perdeu seu lugar no centro do universo de Deus. Percebe o efeito disso? Hoje, quando você observa o clima, ou plantas crescendo, ou alguém morrendo de repente, o que sente é uma ansiosa perplexidade. Antes, podia dizer que o responsável era Deus, ou o diabo. Mas quando a visão do mundo antigo desmorona, leva consigo essa certeza. Tudo o que você tinha como certo agora precisa de nova definição, sobretudo a natureza de Deus e sua relação com ele.
“Com essa consciência, começa a Idade Moderna. Há um espírito democrático cada vez maior, e uma descrença geral na autoridade papal e monárquica. As definições do universo baseadas na especulação ou na fé nas escrituras não são mais aceitas automaticamente. Apesar da perda da certeza, não queríamos correr o risco de algum novo grupo controlar nossa realidade como os eclesiásticos. Se você estivesse lá, teria participado da criação de um novo mandato para a ciência. (...) Você teria olhado esse vasto e indefinido universo exterior e pensado, como fizeram os filósofos de então, que precisávamos de um método formador de consenso, uma maneira de explorar sistematicamente aquele nosso novo mundo. E teria chamado essa nova forma de descobrir a realidade de método científico, que não é mais do que testar uma idéia de como funciona o universo, chegando depois a uma conclusão, e apresentando essa conclusão a outros para ver se concordam.
Aí vocês teria preparado exploradores para sair por esse novo universo, cada um armado do método científico, e teria dado a eles sua missão histórica: explorar esse espaço e descobrir como ele funciona, e o que significa estarmos nós próprios vivos aqui.
Você sabia que tinha perdido sua certeza sobre um universo governado por Deus, e portanto sobre a natureza do próprio Deus. Mas sentira que tinha um método, um processo formador de consenso, através do qual podia descobrir a natureza de tudo em volta, inclusive Deus e o sentido da existência da humanidade no planeta. Assim, mandou os exploradores saírem para descobrir a verdadeira natureza da sua situação e comunicá-la na volta.
Nesse ponto começa a preocupação da qual estamos despertando hoje. Mandamos nossos exploradores saírem em busca de uma explicação completa de nossa existência, mas, devido à complexidade do universo, eles não conseguiram voltar logo. Quando o método científico não conseguiu trazer de volta um novo quadro de Deus e do sentido da humanidade no planeta, a falta de certeza e explicação atingiu profundamente a cultura ocidental. Precisávamos de alguma outra coisa para fazer até que nossas perguntas fossem respondidas. Acabamos chegando ao que parecia ser uma solução bastante lógica. Nos olhamos uns aos outros e dissemos: ‘Bem, como os exploradores ainda não voltaram com nossa verdadeira situação espiritual, por que não nos instalamos neste nosso novo mundo enquanto esperamos?’ Certamente estamos aprendendo o suficiente para manipulá-lo em nosso benefício, logo por que não trabalharmos neste meio tempo para elevar nosso padrão de vida, nosso senso de segurança no mundo?
E foi o que fizemos. Há quatro séculos! Nos livramos da sensação de estar perdidos, tomando a coisa em nossas mãos, nos concentrando na conquista da Terra e usando os recursos dela para melhorar nossa situação, e só agora, quando nos aproximamos do fim do milênio, podemos ver o que aconteceu. Nossa concentração foi aos poucos se tornando uma preocupação. Nos perdemos totalmente ao criar uma segurança secular, econômica, em substituição à espiritual que havíamos perdido. A questão do motivo de estarmos vivos, do que na verdade estava acontecendo aqui espiritualmente, foi aos poucos sendo posta de lado e reprimida inteiramente.
O trabalho para estabelecer um estilo de sobrevivência mais confortável passou a parecer completo em si e por si, como uma razão para viver, e gradual e metodicamente esquecemos nossa pergunta original... Esquecemos que ainda não sabemos para que estamos sobrevivendo. P. 26-31

Todo o trabalho da vida de Einstein foi mostrar que o que percebemos como matéria sólida é em sua maior parte espaço vazio percorrido por um padrão de energia. Isso inclui a nós mesmos. E o que a física quântica revelou é que quando observamos esses padrões de energia em níveis cada vez menores, podemos ver resultados surpreendentes. As experiências demonstram que quando se fragmentam pequenos componentes dessa energia, o que chamamos de partículas elementares, e tentamos observar como funcionam, o próprio ato da observação altera os resultados - como se essas partículas elementares fossem influenciadas pelo que o cientista espera. Isso se aplica mesmo que as partículas tenham que aparecer em lugares onde não poderiam ir, em vista das leis do universo que conhecemos: dois lugares ao mesmo tempo, para frente e para trás no tempo, esse tipo de coisa.
Em outras palavras, o material básico do universo, no seu âmago, parece ser uma espécie de energia maleável à intenção e expectativas humanas, de uma maneira que desafia nosso antigo modelo mecanicista do universo; como se nossa expectativa fizesse nossa energia fluir para o mundo e afetar outros sistemas de energia. P. 49

Meu campo (psicologia) está em conflito, querendo saber por que os seres humanos se tratam uns aos outros com tanta violência. Sempre soubemos que essa violência surge do impulso dos seres humanos para controlar e dominar uns aos outros, mas só recentemente estudamos esse fenômeno de dentro, do ponto de vista da consciência individual. Perguntamos o que ocorre dentro de um ser humano que o faz querer controlar outra pessoa. Descobrimos que quando um indivíduo se dirige a outra pessoa e se empenha numa discussão, o que ocorre bilhões de vezes todos os dias no mundo, pode acontecer uma das duas coisas. O indivíduo sai se sentindo mais forte ou mais fraco, dependendo do que ocorre na interação.
Por esse motivo, nós, humanos, sempre parecemos adotar uma atitude manipuladora. Sejam quais forem os detalhes da situação, ou do assunto em questão, nós nos preparamos para dizer o que for preciso para prevalecer na conversa. Cada um de nós procura de algum modo encontrar um meio de controlar, e assim continuar por cima no combate. Se temos êxito, se nossa opinião prevalece, então em vez de nos sentirmos fracos, recebemos um reforço psicológico. P. 82

O papel do amor foi mal compreendido durante muito tempo. O amor não é uma coisa que devemos fazer para sermos bons ou tornar o mundo um lugar melhor, por alguma responsabilidade moral ou porque devemos desistir de nosso hedonismo. P. 135

Todo ser humano, quer tenha consciência disso ou não, ilustra com sua vida a maneira como acha que um ser humano deve viver. P. 160


 Referência Bibliográfica:

REDFIELD, James. A profecia celestina: uma aventura da nova era. Rio de Janeiro: Objetiva, 1994. 289p.