sábado, 20 de janeiro de 2018

Aos homens, com carinho. 14 de Janeiro de 2010.


Conversava eu, certa vez, com um rapaz, com pretensões de par. Só que entre nós figurava um enorme pênis, imenso pênis, um pênis surreal. Sempre que ele me falava algo, falava para o pênis, e sempre que eu tentava lhe dizer algo, também falava para o pênis.
Alguns encontros mais e já estava insustentavelmente difícil o diálogo, simplesmente porque eu não o ouvia, nem ele a mim. Mais difícil pra mim, é verdade, afinal o pênis tinha seu dono, que não eu, asseguro. O constante, crescente e insistente obstáculo impossibilitava a vista, e eu fui esquecendo das feições do tal rapaz. Já nem lembrava se era loiro, ou moreno, inteligente, ou burro.
Já era tarde sabemos, o dito rapaz só tinha olhos para o seu pênis, apaixonara-se perdidamente. Triste, mas verídico, e corrente.
Num destes já desacreditados encontros, dei adeus ao pênis, digo, ao rapaz... ou o que quer que fosse que estivesse à minha vista. Dei adeus e me fui embora.
Não sei que aconteceu depois, mas para findar com os olhos roubados de qualquer otimista, digo que o moço e seu pênis viveram felizes e sós para sempre...

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