sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Pandora. Anne Rice, 1997.

Esse livro é relativamente novo. Seja pela posição dele na trama ampliada das Crônicas Vampirescas, ou pela própria falta de presença de espírito da personagem Pandora, esse livro perde de longe para outras obras de Rice, como, por exemplo, Memnoch, grande obra da autora. O livro é curto. A impressão que tive é que a autora apostou demais na mitologia já criada sobre seus belos vampiros e acabou criando uma vampira bela e vazia. Por vezes as auto-descrições de Pandora perdem completamente a credibilidade, principalmente quando negadas pura e simplesmente por suas atitudes pouco expressivas. Ao mesmo tempo em que se nega ser a sombra de um homem (Marius) cumpre justamente esse papel ao permitir que este se torne personagem muito mais expressivo através de seus pensamentos e atos. Uma mulher tola, eu diria, que trai a si mesma na empreitada de se provar uma mulher forte e inteligente. Todavia, como todas as obras de Rice, sempre conseguimos tirar passagens que realmente  nos dizem muito, como essas que seguem:


RICE, Anne. Pandora : Novos contos vampirescos. 1. ed. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. 205 p.:



- Ah, eu poderia ensinar filosofia ali embaixo das arcadas, sabe, ficar falando sobre Diógenes e fingir que gostava de andar maltrapilho, como fazem os seguidores dele atualmente. Que circo é aquele lugar, já viu? Nunca vi tantos filósofos na vida quanto nesta cidade! Dê uma olhada quando voltar. Sabe o que a pessoa tem que fazer para ensinar filosofia aqui? Tem que mentir. Tem que despejar a toda velocidade um monte de palavras sem sentido nos jovens, e ficar meditando quando não souber responder, e inventar absurdos e atribuir tudo aos velhos estóicos. (Personagem Flavius, p. 80)
- Senhora, aprendemos a esconder a alma porque somos traídos pelas pessoas. (Flavius, p. 82)

- Está bem – eu disse. – Vou lhe dizer o que quero. Quero que você me ame, Marius, que me ame, mas me deixe em paz! - protestei. Eu nem sequer refletira. As palavras foram saindo. – Me deixe em paz, para que eu procure meus próprios confortos, meus próprios meios de continuar viva, pouco importa o quanto esses confortos lhe pareçam idiotas ou sem nexo. Me deixe em paz! (Pandora, p. 182)

E estou sempre vendo indícios de amor à minha volta nesse mundo. Por trás da imagem da Virgem Abençoada e seu Menino Jesus, por trás da imagem do Cristo Crucificado, por trás da recordação daquela estátua de basalto representando Ísis. Vejo amor. Vejo amor no esforço humano. Vejo a inegável penetração do amor em todas as realizações humanas, na poesia, na pintura, na música, nas relações interpessoais e na recusa à aceitação do sofrimento como destino. (Pandora, p. 198)



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