sexta-feira, 11 de setembro de 2009

O amor nos tempos do cólera - Gabriel García Márquez, 1982


Sem dúvida um dos mais belos livros que já li. Nos leva para além da concepção absurda e predominante de que se é jovem pra sempre. Não se é, e nem por isso a vida deixa de ser menos vida. Uma história belíssima e humanamente real. Palmas eternas ao mestre García Marquez.


GARCÍA MÁRQUEZ, Gabriel. O amor nos tempos do cólera. 7. ed. Rio de Janeiro: Record, 1985. 429 p.



"Coisa bem diferente teria sido a vida para ambos se tivessem sabido a tempo que era mais fácil contornar as grandes catástrofes matrimoniais do que as misérias minúsculas de cada dia. Mas se alguma coisa haviam aprendido juntos era que a sabedoria nos chega quando já não serve para nada." P. 39



"Abalou-a um pensamento vago: "As pessoas que a gente ama deviam morrer com todas as suas coisas."" P. 69



"Lembrou a ele que os fracos não entram jamais no reino do amor, que é um reino impiedoso e mesquinho, e que as mulheres só se entregam aos homens de ânimo resoluto, porque lhes infundem a segurança pela qual tanto anseiam para enfrentar a vida." P. 86



"Está bem, me caso com o senhor se me promete que não me fará comer berinjela." P. 94



"Seu padrinho o homeopata, que participava por casualidade da conversação, não achava que as guerras fossem um inconveniente. Achava que não passavam de pendências de pobres jungidos como bois pelos senhores da terra, contra soldados descalços jungidos pelo governo.
- A guerra está na montanha – disse. – Desde que eu sou eu, nas cidades não nos matam com tiros, e sim com decretos." P. 96-97



"Ela lhe parecia tão bela, tão sedutora, tão diferente da gente comum, que não compreendia que ninguém se transtornasse como ele com as castanholas dos seus saltos nas pedras do calçamento, ou tivesse o coração descompassado com os ares e suspiros de suas mangas, ou não ficasse louco de amor o mundo inteiro com os ventos de sua trança, o vôo de suas mãos, o ouro do seu riso. Não perdera um gesto seu, nem um indício do seu caráter, mas não se atrevia a se aproximar dela pelo medo de desfazer o encanto." P. 129



"Era ainda jovem demais para saber que a memória do coração elimina as más lembranças e enaltece as boas e que graças a esse artifício conseguimos suportar o passado." P. 134



"Impressionaram-na sua simplicidade e sua seriedade, e a raiva cultivada com tanto amor durante tantos dias se apaziguou de pronto." P. 155



"Na plenitude de suas relações, Florentino Ariza se perguntara qual dos dois estados seria o amor, o da cama turbulenta ou o das tardes aprazíveis dos domingos, e Sara Noriega o tranqüilizou com o argumento singelo de que tudo que fizessem nus era amor. Disse: “Amor da alma da cintura para cima e amor do corpo da cintura para baixo.”" P. 246



" - Por obra e graça de um casamento, de interesse com um homem que não ama – interrompeu Sara Noriega. – É a maneira mais baixa de ser puta." P. 248



"Isso era a vida. O amor, caso houvesse, era uma coisa à parte: uma outra vida." P. 251


"A vida mundana, que tantas incertezas lhe trazia antes de conhecê-la, não passava de um sistema de pactos atávicos, de cerimônias banais, de palavras previstas, com o qual se entretinham uns aos outros na sociedade para não se assassinarem." P. 261



"A vida ainda havia de confrontá-los com outras provas mortais, sem dúvida, mas já não tinha importância: estavam na outra margem." P. 278


"Mas aquela tarde perguntou a si mesmo com sua infinita capacidade de ilusão se uma indiferença tão encarniçada não seria um subterfúgio para dissimular um tormento de amor." P. 284



"- Vou fazer cem anos, e já vi mudar tudo, até a posição dos astros no universo, mas ainda não vi mudar nada neste país – dizia. – Aqui se fazem novas constituições, novas leis, novas guerras cada três meses, mas continuamos na Colônia." P. 329



"Com ela aprendeu Florentino Ariza o que já padecera muitas vezes sem saber: pode-se estar apaixonado por várias pessoas ao mesmo tempo, por todas com a mesma dor, sem trair nenhuma. Solitário entre a multidão do cais, dissera a si mesmo com um toque de raiva: “O coração tem mais quartos que uma pensão de putas.”" P. 334



"Mas a raiva voltava sempre, e em breve percebeu que o desejo de esquecê-lo era o mais forte estímulo para se lembrar dele." P. 349



“A humanidade, como os exércitos em campanha, avança na velocidade do mais lento.” 385



"Sem perceber, começava a protelar seus problemas na esperança de que a morte os resolvesse." P. 390

Um comentário:

Unknown disse...

Guria, eu adorei, uma porque adoro GGM e meu predileto e O amor nos tempos do cólera...e no outro eu gostei Aquele sobre vampiros....mas não tem um endereço para se comunicar contigo...seguinte, eu não havia me comunicado antes porque estava sem internet...tu me achou no Beco há mais ou menos um mês, meio bêbado...sozinho...tu falou comigo, me deu o endereço do Blog..lembra? Adalberto beijo espero que leia isso aqui meu e-amail aescaio@bol.com.br