sábado, 26 de abril de 2025

(nem tão) Grande inventário de sensações

 

Que calor...
Saí do banho e fiquei de toalha, deitada na cama, pensando em nada... Experimentando essa quase nudez, a liberdade, a pele, minha materialidade física. A refrescância. A não urgência de nada. 
A simples urgência da vida que pulsa neste corpo mortal. 

Sentei, assim simplesmente, só para ouvir as músicas que tocam o meu coração tomando uma cerveja gelada. Sentindo a brisa do final da tarde. Observando a dança e o farfalhar das folhas das árvores.

Dancei aquela canção, de pés descalços no piso da sala. Senti meu corpo se movendo ao som de uma música que me toca inteira. Senti a vida fluindo em mim.
Transitei pela casa toda sentindo o chão sob os meus pés. 

Senti o cheiro de chuva, a gota da chuva na pele. 

Me senti apaixonada, beijei apaixonadamente. Me flagrei num sorriso bobo.

Estive com os meus, rindo muito, rindo alto.

E que tantas outras boas sensações eu sinto e sentirei, Incontáveis. 
E que tantas outras angústias também sentirei.
Mas o que vale de viver não é mesmo o sentir que se vive?





...

domingo, 9 de março de 2025

TESÃO

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O tesão que eu sinto não está nas formas geométricas do corpo

A matemática é objetiva 

O tesão que sinto vem de dentro

Do núcleo que arde da falta

O tesão que sinto é subjetivo 

Ele está na dança cotidiana do afeto e da atenção

Ele vem das curvas secretas das palavras

Dos movimentos dos olhos 

Ele vem do som da voz

Do hálito quente perto, muito perto 

Ele vem do encontro de átomos amigos 

Ele vem da quentura do coração

Da pulsação 

Da respiração 

Da saliva 

Do cheiro

Ele vem do aconchego

Ele vem da beleza que extravasa as linhas do mundo físico 

Ele vem de dentro de mim, ele vem de dentro de ti. 

...