quarta-feira, 9 de maio de 2012

O grande livro de histórias de fantasmas - Richard Dalby (org.), 2006

Esse livro é de histórias de fantasmas mesmo, ou seja, aparições, casas mal-assombradas, sons, vozes, espíritos inconformados e inquietos, revoltosos. Contos que apresentam narrativas de lendas e mitos que refletem mais do que uma mentalidade supersticiosa, muitas vezes até mesmo dilemas éticos através de fantasmas que muitas vezes habitam mentes torturadas pelo remorso. Cabe ao leitor, ou ao ouvinte, tanto no caso do livro, como sempre que se depara com uma história dessas, julgar como deseja encarar, sob uma luz turva e confusa entre os abismos do desconhecido, ou se sob o feixe de uma pretensa razão científica.
Algo interessante sobre o livro é que possui contos de várias épocas, desde os tempos napoleônicos, até tempos mais modernos. Todas as histórias de autorias feminina. Alguns contos são um pouco ingênuos, devido a própria época em que foram escritos, outros, porém, verdadeiramente arrepiantes.

Elenco algumas das quais mais gostei:

A porta aberta, de Margaret Oliphant
Os olhos, de Edith Wharton
O livro, Margaret Lawrence


Abaixo, alguns trechos:

Além desta terra e além da espécie humana há um mundo invisível e um reino de espíritos; esse mundo está à nossa volta, pois está por toda parte. (Jane Eyre, de Charlotte Brontë).

Contudo, acho que todas as gerações têm um conceito de si próprias que as eleva, na sua opinião, acima da que vem depois delas. (A Villa Lucienne, de Ella D’Arcy)

Pareceu-me - que os céus nos ajudem, como sabemos pouco sobre tudo! - que uma cena daquele tipo seria capaz de deixar a sua marca no cerne oculto da natureza. (A porta abert, de Margaret Oliphant)

(...) mas me intrigava ver uma mulher satisfeita sendo tão desinteressante, e eu queria descobrir o segredo dessa satisfação. (Os olhos, de Edith Wharton)

As coisas que nos perturbam à meia-noite são insignificantes às nove da manhã. (O livro, de Margaret Irwin)

Eu senti como se eu estivesse sendo agarrado por esse horrível terror primitivo que não tinha nenhuma relação com a razão ou com saber em quê se acredita e em quê não se acredita. (A assombração da residência do Reitor de Shawley, Ruth Rendell)

O álcool é bom, às vezes é praticamente medicinal. Garantia as coisas. Mas só até certo ponto; além dele não havia volta, apenas rápida deterioração. ( O sonho das mulheres loiras, A. L. Barker)

Parece que as pessoas dispõem de um tempo ilimitado para atos rancorosos em relação a outras pessoas que nunca lhes causaram nenhum mal pessoal. (O traidor, Joan Aiken)

Nossos vizinhos tinham o recato despretensioso, o acanhamento simples e discreto das pessoas totalmente felizes. Não viam necessidade de se afirmar; já tinham tudo de que precisavam. (O traidor, Joan Aiken)

 Mas se lembre, minha querida: a morte não são apenas plumas negras e berreiro. Ela precisa ser enfrentada do melhor modo que pudermos. (O traidor, Joan Aiken)


Referência bibliográfica:

DALBY, Richard (org.). O grande livro de histórias de fantasmas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010.

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