Então, aqui vai mais uma indicação do Koontz, um dos mestres do terror/suspense. Como no anterior que indiquei - Lágrimas do Dragão -, toda a trama se desenvolve num período de aproximadamente 24 horas, numa seqüência realmente vertiginosa de acontecimentos.
Sobrevivente incógnita de um massacre à família de sua melhor amiga, Chyna, se vê enredada numa situação aterrorizante com o psicopata que permanece na casa. Apavorada e confusa, dá início a uma verdadeira coreografia de "esconde-esconde" que acaba por levá-la até o trailer do assassino. Já tomada por um pavor macabro, ao perceber o movimento de arrancada do trailer, ela descobre que aquela noite medonha está apenas começando.
Para além dos clichês psicológicos que revestem os mistérios da psicopatia, o assassino construído por Koontz é deveras singular. Não é, de maneira alguma, um lunático, perturbado e atormentado pela sua condição. Pelo contrário, a considera um verdadeiro dom concedido a ele, uma espécie de homem superior. Equilibrado, frio, metódico, um assassino de enregelar o sangue.
Trecho do livro:
No dia 1º de julho, enquanto Ariel sentava-se na toalha,
olhando para o mar que o sol enchia de lantejoulas, Chyna tentava ler um
jornal, mas todas as notícias a afligiam. Guerra, estupro, assassinato,
assalto, políticos irradiando ódio de todos os lados do espectro político. Leu
uma crítica de cinema com comentários insidiosos sobre o diretor e o
roteirista, questionando o direito deles de criar. Passou em seguida para uma
colunista que fazia um ataque igualmente rancoroso a um romancista. Não eram
críticas genuínas, mas puro veneno, e ela jogou o jornal numa lata de lixo.
Aqueles pequenos ódios e agressões indiretas pareciam-lhe reflexos
desagradáveis e óbvios de impulsos homicidas mais fortes que infeccionavam o
espírito humano; os assassinatos simbólicos eram diferentes apenas no grau e
não na espécie, do homicídio de fato, e a doença nos corações de todos era
igual.
Não há explicações para o mal humano. Apenas desculpas.
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