quarta-feira, 3 de junho de 2009

A convidada - Simone de Beauvoir - 1943


Grande obra da Simone de Beauvoir. Esse foi seu primeiro livro, publicado em 1943. Realmente um livro e tanto. Ela consegue dissecar a alma humana, tanto a masculina, quanto a feminina, mostrando que são, sim, bastante diferentes. Entretanto, essas diferenças entre homens e mulheres apenas deveriam servir pra nutrir relações de extremo respeito e admiração mútua. Seu romance é fortemente inundado por passagens filosóficas e reflexivas, abordando limiares bastante frágeis da mente humana. Dotada de um realismo fantástico e genuíno, a obra nos dá a sem preço perspectiva feminina sobre assuntos delicados e polêmicos, sobretudo a de uma mulher com profundo vigor intelectual como Simone, que desde sempre se propôs a questionar valores e convenções sociais, especialmente em relação às mulheres. É uma romance tenso, bastante existencial, que muitas vezes faz com que fiquemos vagando pelos limites da consciência humana.
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“E eu estou aqui, no coração da minha vida”. P. 13

“É divertido pensar em como são as coisas em nossa ausência [...] É como tentar pensar que estamos mortos. Na verdade nunca o conseguimos; sempre achamos que estamos num canto, vendo tudo”. P. 14

“Continuo a pensar, apesar de tudo, que não sou feita da massa com que se constroem as vítimas”. P. 56

“Você, no fundo, está procedendo como todas as pessoas que afirmam não ter preconceitos: pretendem que só obedecem por gosto pessoal. Mas tudo isso são histórias”. P. 57

“Não é a mentira que me incomoda. O que acho monstruoso é que as pessoas tomem decisões sobre elas próprias dessa forma, como por decreto”. P. 67

“[...] O dia passara a espera dessas horas e agora elas corriam vazias e constituíam apenas uma espera [...] Tudo, afinal, era uma corrida sem objetivo. Somos lançados indefinidamente para o futuro, mas quando este se torna presente, é preciso fugir”. P. 90

“Para você, a colaboração intelectual consiste numa aprovação idiota de todas as suas opiniões”. P. 95

“Talvez seja porque amo demais. Quis dar mais do que aquilo que você podia receber. E, quando somo sinceros, dar é uma maneira de exigir”. P. 97

“[...] se os remorsos apagassem tudo, as coisas seriam muito fáceis”. P. 129

“Ora, uma decisão, quando começamos a duvidar dela, torna-se perturbadora”. P. 153

“Não há nada, em parte alguma, que se deva invejar, lamentar ou temer. O passado, o futuro, o amor, a felicidade, tudo isso não passa de sons que emitimos com a boca”. P. 155

“As palavras nada mais podem fazer do que nos aproximar do mistério, sem o tornarem menos impenetrável”. P. 159

“O amor não é um segredo vergonhoso. Parece-me uma fraqueza não querer olhar de frente o que se passa dentro de nós”. P. 244

“[...] só poderemos lutar contra a sociedade de maneira social”. P. 282

“Se eu tivesse verdadeiramente importância para alguém, talvez conseguisse valer um pouco mais para mim próprio. Assim, não chego a dar valor à minha vida nem a meus pensamentos”. P. 313

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Referência:
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BEAUVOIR, Simone de. A convidada. Rio de Janeiro: Rio Gráfica, 1986. 488 p.
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4 comentários:

Ian disse...

Muito bom o blog!
Me tirou a dúvida de comprar ou não A Convidada - decidi comprá-lo.
Obrigado e boa sorte com o blog, já estou seguindo!

K. disse...

Obrigada Ian. Fico grata pelos elogios e feliz por ter ajudado de alguma forma nas tuas leituras...

=)

Nathan disse...

li a primeira parte do livro, e agora quero terminar de ler. beauvoir me encanta muito, adoro ela.

onde baixo o livro?

K. disse...

Pois é, é uma grande escritora, sem dúvida.

Eu li o livro físico mesmo, não baixei ele digital.

=)